Brasil -


29 de outubro de 2010

E o melhor do segundo turno foi...

Já que essas eleições não podem mesmo ser levadas a sério, acho que cada um deveria fazer a sua seleção de "melhores momentos". 
Tudo bem, tudo bem, todos os momentos foram péssimos. A começar pela polarização falsa entre Dilma e Serra. Estamos de acordo nisso. 
Mas, aproveite que o período de baixarias midiáticas está acabando, ponha o seu senso de humor para se alongar e escolha seu "melhor momento".

Serra que (disse que) amava Aécio que ama
Dilma que (disse que) ama Marina que
(sorte nossa) não ama ninguém. 
Para mim, o impagável veio no segundo turno. Num movimento sincronizado que teria deixado o próprio Judas com inveja, eis que vemos os dois protagonistas descaradamente estendendo as mãos para aqueles que, pouco antes das eleições, fizeram questão de esmagar com todo o peso que tinham (e com algum que pegaram emprestado): Serra correu para os braços de Aécio, porque precisa de Minas no segundo turno como nunca, e Dilma tentou fazer um chamego em Marina. Ora, é claro que os dois procuraram Marina. Mas o movimento de Dilma tinha um gostinho especial: afinal, foi ela que passou como um trator sobre o Ministério do Meio Ambiente (quando Marina era a titular) para aprovar a Hidrelétrica de Belo Monte. Foi o que acabou fazendo Marina sair do governo e do PT e lançar-se a candidata que absorveu os votos de quem não quer nada com a Unigênita de Lula (e sabe que votar em Serra é um fiasco).
Quanto a Serra e Aécio... bem, abraço entre homens é sempre um tanto suspeito: ou nenhum dos dois quer ou um quer mais que o outro. Claro que havia o ressentimento do mineiro. Mas Aécio vai mostrando que é um mestre nas contradanças do grande baile de máscaras da política. É claro que ele vestiu a fantasia de pierrot apaixonado... não antes de ter dado certos saltos de polichinelo. No fundo, ele é um tradicionalista: pois se a hipocrisia e a falsidade são componentes da política, os políticos mineiros tendem a ser perfeccionistas no assunto.
Enfim, dois movimentos belos pela sua simetria.  Chego a suspeitar que a política é, no fundo, a arte de saber perdoar. No melhor momento, claro.

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